Amei e ainda amo mais que a mim, a ponto de querer exclusividade, carinho, atenção... E de querer todos os dias na mesma cama.
Quis tê-lo ao meu lado dia a dia, mês a mês. Construir o que quer que seja, a nossa história, a nossa vida.
E, neste caminho, cometi alguns exageros: Mendiguei sentimento, cobrei presença, carinho, atenção. Bebi e senti saudade logo após o primeiro gole. Chorei todas as vezes que me lembrava que ele não me pertencia, nem nunca poderia pertencer. Tive medo de perder. Tive medo do potencial ofensivo do futuro.
Fiz o impossível de mim para viver cheia de ausência, me contentar com as migalhas de tempo que recebia.
Mas o que não aceitei foram migalhas de amor.
Amo perdidamente aquele homem que se deitava em meus braços, que se entregou e dizia que era todo meu. Pedia para fazer o que quisesse.
E era isso. Eu amo essa entrega, amo o olhar no olho, as mãos entrelaçadas, o 'eu te amo' dito na hora H. Amo aquele perfume e dele sempre me lembrarei... Juntamente com aquelas músicas, lugares, planos, situações... Não há como esquecer. Só se me mudar de casa, de emprego, mudasse de hábitos.
Mas ele decidiu ir embora deixando boa esperança em meu coração. Se afastou aos poucos e passou a lançar migalhas daquele amor.
E fui prudente. Busquei respostas àquilo que apertava o peito. Em troca, obtive silêncios e ofensas.
E fui vivendo como podia. Convivendo com a realidade doentia de vê-lo em outra cama, noutros braços. Morrendo por dentro cada vez que isso vinha à tona.
Fiz o que precisava para não imaginar essas coisas. Para desviar o pensamento, ser feliz alguns momentos.
Então o ciúme o cercou e cada vez mais cobrava o que não podia. E eu cedi o quanto pude.
Mas chega uma hora que até o mais flexível dos flexíveis se rompe. Não poderia deixá-lo agir assim... Fazer o que quisesse, insinuar a meu respeito, debochar e desvalorizar meu sentimento.
Logo eu, que empenhei todo o meu amor e fidelidade, toda a minha dedicação, carinho e cuidado. Que não menti e fui transparente.
E foi assim que decidi lutar por mim. Manter a razão. Ignorar o injusto e babaca que me disse aquelas coisas que magoaram tanto.
Onde já se viu fazer tantas cobranças sem poder fazê-las, obter as respostas e, mesmo assim, debochar de mim? Duvidar da verdade?
Não posso permitir. Apesar de amar perdidamente este homem, gosto mais de mim. Muito mais! E é por isso que abri mão de tanto amor.